Economia, investimentos e afins, deixaram de ser assuntos complexos e entediantes, até porque o que mais existe hoje são as “mentes consumistas”.
Por vários anos foi possível acompanhar eventos econômicos nos jornais, na televisão e outros meios – o que por muito tempo foi considerado entediante, até por muitos adultos.
Mas parece que a Internet mudou tudo. O que antes era entediante, hoje é um dos melhores meios de entretenimento – tanto pela qualidade, assim como no propósito.
O YouTube (assim como a TSD) está aí para provar isso. Em outras palavras, o que era complicado, foi facilitado. É como se antes fosse assim:
“Os princípios subjacentes envolvidos na maioria dos acontecimentos na esfera econômica não são, em geral, intrinsecamente complicados”.
E agora, foi facilitado (sem perder a qualidade): “O que acontece na economia do mundo não é complicado”.
Contudo, existe algo que parece nunca mudar, mas apenas se adapta conforme os anos passam: uma mente consumista.
Qual é o problema da mente consumista?
Você conhece o universo do consumo e do consumismo desenfreado? É o que conhecemos no livro “Mentes Consumistas” da Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva.
O caminho do consumismo desenfreado esvazia os bolsos, pois apresenta muitas curvas perigosas e retas ilusórias.
A satisfação imediata do presente é a regra principal do fracasso, e nesse caso costuma eliminar as chances de um futuro tranquilo.
A mente consumista é quase incapaz de distinguir o que realmente tem valor do que apenas tem preço – uma diferença crucial existe por aqui.
Ao atender alguns pacientes, a Psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva percebeu que estava envolta nos transtornos compulsivos.
Mas, dessa vez, algo mudou: os motivos desencadeadores da satisfação imediata eram coisas materiais!
As mesmas coisas materiais que, na maioria das vezes, nem sequer chegavam a ser usadas (aposto que você já viu algo parecido).
“Percebi que o grande prazer desses pacientes estava no “ato de comprar”, e não necessariamente na posse dos objetos, que logo após eram esquecidos em um canto qualquer”, relata Ana Beatriz.
Ela revelou algo intrigante: as pessoas esconderam suas compras das pessoas mais íntimas, como fazem os alcoolistas e os dependentes químicos em geral.
De fato, é algo que merece a devida atenção.
Tanto que pode ser considerado uma parte importante no aprendizado e aplicação da educação financeira.
Nesse sentido, a TSD reuniu por aqui os 7 Fatos Sobre as Mentes Consumistas:
1- SER é diferente de TER
É possível ter muitos bens materiais, e está tudo bem. Assim como é possível confundir o próprio “Ser” com os bens materiais. Aí não está tudo bem.
Antes de tudo, é preciso ver o significado dos dois vocábulos (SER e TER):
- SER: identidade, particularidade ou capacidade intrínseca;
- TER: possuir, ter fortuna, ter méritos.
Veja bem, tanto um como o outro, são verbos, ou seja, ambos significam uma ação, incentivam um tipo movimento para alguma direção.
O ser nos leva à posse não de objetos, pessoas ou coisas, mas de nós mesmos.
O ter, por sua vez, nos conduz à posse material de coisas que acabam por despertar.
“Enquanto a sociedade alicerçada no ser prioriza as pessoas, a embasada no ter tem como prioridade coisas que podem ser compradas por valores determinados pelo mercado”, segundo a Psiquiatra Ana Beatriz.
Infelizmente, parece que o senso comum em alta é o modo “ter” de estabelecer suas regras e seus valores.
Por essa razão, podemos denominá-la de sociedade consumista ou sociedade de produtos.
Não é à toa que encontramos frases que demonstram claramente a “virulência” do consumo: “Qual é o seu preço?”, “Dinheiro compra tudo”, “O que o dinheiro não compra, ele manda buscar”.
Expressões desse tipo criam a ilusão de que, em nossa sociedade, tudo pode ser materializado e transformado em um produto a ser consumido.
2- Celebridade: um sonho consumista
Existe um aspecto que chama mais a atenção dentro de todo esse cenário: a necessidade que as pessoas têm de ser ou, pelo menos, de se sentir “celebridades”.
Troque a palavra “celebridade” por “influencer” e terá o mesmo efeito. Pois esse sonho consumista retrata a confusão entre “Ser” e “Ter”.
De forma consciente ou não, para a maioria das pessoas, ser uma celebridade não significa ser reconhecida ou admirada por suas ações ou talentos.
Mas sim ser vista, cobiçada ou invejada. Por mais superficial que pareça, é isso que importa no final das contas.
Nesse contexto, todos estão sendo “celebridades” em uma sociedade de espetáculo coletivo e/ou individual.
3- Você é o produto?
Hoje, o que está sendo vendido e transferido de mãos são as informações que os usuários fornecem gratuitamente – parece que já não é novidade alguma.
Essa negociação é feita na ilusão de serem “amados” e “admirados” por milhares de “amigos” – aliás, agora o termo correto é “seguidores”.
Mas tudo gira em torno do dinheiro, tudo é uma questão monetária. E claro, isso não significa ser antiético, mas pode ser um problema para a mente consumista.
Ao perguntar para a Psiquiatra Ana Beatriz o que ela acha das redes sociais, foi respondido:
“Um ótimo veículo de comunicação. Trocas de informações e conhecimento são excelentes maneiras de exercer a nossa cidadania”.
“Mas, para que isso ocorra, devemos utilizá-las com parcimônia e cuidado, priorizando a divulgação dos nossos pensamentos, crenças, ideias e valores”, completou a Psiquiatra.
4- Consumir não é errado
De acordo com a Psiquiatra Ana Beatriz, existem dois tipos de consumos:
O consumo primário é relacionado com a subsistência, responsável pela obtenção de comida, abrigo físico e proteção contra problemas básicos e intempéries da natureza.
O consumo secundário, não tem por objetivo suprir necessidades essenciais ou reais, mas, sim, e principalmente, aquelas que são criadas e imaginadas por nós.
A mente consumista erra justo nesse ponto: quando existe um desequilíbrio entre ambos, ou ainda quando confunde os dois tipos de consumo.
Um ponto importante: o ato de consumir é parte importante para que a engrenagem econômica funcione no país.
Porém, é preciso moderação. Até porque como indivíduos, a engrenagem econômica não quer saber se você está endividado ou descontrolado.
5- Busca da Satisfação: Tome Cuidado!
Você já deve ter reparado que o contexto de sobrevivência satisfeita é uma realidade, correto?
Ou seja, a busca cerebral se volta para a satisfação de desejos valorizados dentro de um sistema que visa muito mais o “Ter” individual.
E muito menos o ser humano como um ser coletivo e comprometido com a espécie como um todo.
Nesse contexto, comprar cada vez mais (e de preferência, sem controle) é o que aparenta estar correto.
Caso contrário, nos sentimos como se estivéssemos fora do contexto, tomados por uma sensação desagradável de exclusão, de não pertencimento.
6- Qual é a dinâmica do comprador compulsivo?
Segundo April Benson, psicóloga americana que trabalha há mais de três décadas com compulsão por compras, a dinâmica do comprador compulsivo é um ciclo vicioso.
Esse ciclo, é causado por um fator desencadeador, ou estopim, pelo descontrole e pela ressaca (culpa, vergonha, frustração).
Inclusive, pode evoluir para uma fissura ou até mesmo síndrome de abstinência.
Assim, o ciclo vicioso pode ser representado por um esquema cujas etapas estão intimamente ligadas, mas, ao mesmo tempo, são distintas entre si:
1. estopim: tem início a partir de um fator desencadeador;
2. descontrole: é representado por ações;
3. ressaca: é representada por atitudes negativas; 4. fissura: quando prolongada, pode se transformar em síndrome de abstinência.
4. fissura: quando prolongada, pode se transformar em síndrome de abstinência.
7- Comprar: qual é a lógica?
Se fôssemos comprar qualquer coisa pela lógica (apenas racionalmente), só
compraríamos o que de fato é necessário.
Você lembra do primeiro tipo de consumo? Então, se fosse seguir pela lógica, apenas esse tipo de consumo existiria.
Mas no momento de escolher o que comprar, o cérebro recebe influências de todo o nosso saber não consciente (percepções e sentimentos).
E o marketing, que entende cada vez mais nosso funcionamento cerebral, se vale justamente disso.
Talvez seja por isso que o cartão de crédito faça tanto sucesso.