A educação financeira é aquilo que o ensino não te ensina. Em alguns casos, a primeira afirmação é a realidade em muitos locais.
Ou seja, justo no lugar onde o aprendizado é compartilhado, incentivado e aplicado, as matérias financeiras e afins perdem espaço.
Existem pontos de vista diferentes quanto ao avanço do assunto, há pessoas que consideram irrelevante, assim como quem considere indispensável.
Apesar de tudo, o fato de que na maioria das escolas a educação financeira e matérias semelhantes são inexistentes, merece uma reflexão.
Até porque o desempenho, objetivos e toda a economia mundial, em certa escala, giram em torno do dinheiro.
Então se na realidade, quando o mercado de trabalho é encarado e as exigências sempre são feitas, por que aprender algo importante após longos anos?
O Homem mais rico da Babilônia: Uma ideia para as escolas
Um dos livros clássicos que aborda a educação financeira, é a obra “O Homem Mais Rico da Babilônia”, escrito por George S. Clason.
O livro conta a história de Arkad, um escriba que documentava textos em pequenas tábuas de argila e, apesar das origens humildes, se tornou o homem mais rico da Babilônia.
Certa vez, o Rei Sargão retornou à Babilônia depois de derrotar os elamitas, logo seu Chanceler compartilhou o relatório sobre a economia local.
Parece que nada funcionava. Trabalhadores sem empregos, mercadores sem fregueses, agricultores sem vendas e havia pouco dinheiro até para a comida.
O Rei então decide dar a seguinte ordem: “Traga Arkad, o homem mais rico da Babilônia, até amanhã de manhã”.
Apesar de seus 70 anos, no dia seguinte, conforme o rei havia ordenado, Arkad apresentou- se diante dele.
— Arkad, é verdade que você é o homem mais rico da Babilônia? — perguntou o rei.
— Assim se diz, Majestade, e ninguém contesta isso.
— Como você se tornou tão rico?
— Aproveitando as oportunidades disponíveis a todos os cidadãos de nossa boa cidade.
— Você não tinha nada ao começar? — indaga novamente o rei. — Somente um grande anseio por riqueza. Fora isso, nada.
O que o ensino não te ensina:
Após o breve diálogo, o rei continuou a explicação e disse que a Babilônia estava em uma situação muito delicada, porque as pessoas desconheciam formas de adquirir riqueza.
Havia uma grande confusão quanto ao dinheiro que circulava na região, e uma grande desvalorização de produtos e serviços – em outras palavras, a engrenagem econômica estava travada.
“Devemos ensinar toda a população como adquirir riquezas”, disse o rei. E para concluir, perguntou se Arkad era capaz de ensinar isso.
“Sou um humilde servo às suas ordens. Com muito gosto, compartilharei todo o conhecimento de que disponho que possa contribuir para o bem-estar de meus conterrâneos e para a glória de meu rei,” respondeu Arkad.
E completou: “Peça a seu bom chanceler para organizar uma classe com cem homens, e ensinarei a eles as sete formas pelas quais acumulei fortuna quando não havia na Babilônia bolsa alguma mais vazia que a minha.”
Nesse sentido, apenas depois de experimentar os resultados ruins da falta de educação financeira é que alguma melhoria foi buscada.
Precisaria ter chegado naquele ponto? É possível que não. Contudo, esse exemplo mostra que desde os tempos antigos as pessoas deixavam de se prevenir.
Por que a educação financeira deveria estar nas escolas?
Em outro livro, “Do Mil ao Milhão” do Thiago Nigro, vulgo primo rico, é dito pelo autor:
“Infelizmente, a imensa maioria das pessoas no Brasil cresceu sem ter recebido noções de educação financeira, seja informalmente, no núcleo familiar, ou formalmente, na escola ou faculdade.”
É um fato infeliz, e parece que geração após geração, a impressão que fica é que o brasileiro em geral, se tornou pouco poupador e nada habituado a observar os próprios gastos.
De tal forma, deixando tudo para depois, inclusive a busca por conhecimento básico sobre finanças e investimentos.
Além disso, assuntos relevantes correm o risco de nunca serem explorados, tornando o risco de fracassar cada vez maior.
Robert Kiyosaki (Pai Rico, Pai Pobre) também ressaltou a questão:
“O dinheiro não é ensinado nas escolas. As escolas se concentram nas habilidades acadêmicas e profissionais, mas não nas habilidades financeiras.”
Kiyosaki completa: “Isso explica por que médicos, gerentes de banco e contadores inteligentes que tiveram ótimas notas quando estudantes, terão problemas financeiros durante toda a sua vida”.
Uma Opinião (Especialista) Para Refletir:
Nesse sentido, a especialista Vera Rita de Mello Ferreira, consultora de Psicologia Econômica e membro da NEC, explicou algo que intitulou de “quinteto fantástico”.
Na educação, Vera Rita defende que para o alcance de resultados melhores acontecerem, é importante integrar os 5 elementos:
- O primeiro elemento é a educação financeira, que incentiva hábitos inteligentes na relação com o dinheiro, investimentos e economia em geral.
- O segundo é a psicologia econômica, usa os conhecimentos sobre o funcionamento da mente, processo de tomada de decisões e ciladas para evitar.
- O terceiro é uma rede de proteção e defesa do consumidor para diminuir as assimetrias que existem por exemplo entre o consumidor e o mercado financeiro.
- O quarto é o governo com a regulação e supervisão do mercado financeiro, que situações de informações privilegiadas e impõe sanções quando necessário.
- E por último, a arquitetura de escolhas que desenha o contexto para facilitar o processo de tomada de decisões.
Enfim, existe também a premissa de que as pessoas devem ser educadas sobre questões financeiras o mais cedo possível em suas vidas.
O “quinteto fantástico” pode ajudar nessa parte, porém sem incentivo ou apoio social e familiar (educação financeira também vem de casa), as ideias da consultora de Psicologia Econômica de quase nada adiantará.
O que você acha, vale uma reflexão?